26 de fevereiro de 2005

Ai.
Eu não imagina o quanto a minha vida ia mudar sabe? Sempre fui ale´m de muito otimista, extremamente confiante. Só que isso nem é tão bom. Por causa desse meu jeito de ser nunca aceito que algumas coisas não dão certo ou que outras eu é que não consigo aceitar.

Por exemplo:
Ser mãe. É terrível dizer isso... mas ainda não consigo aceitar bem o fato de ser mãe. Ainda mais em um momento onde tudo tá sendo como deveria ser. Sabe? A vida e a idade estão começando a ficar compatíveis. Tenho lugares para ir, coisas a conseguir, pessoas ao redor, e não consigo encaixar meu filho no meio disso tudo. Não que eu não o queira, só não consigo definir prioridades. Aliás, eu sei que esse é o grande problema da minha vida.

Ele me quer, depende de mim... e isso é no mínimo estranho. Eu o amo muito. Eu sei que ele sente minha falta, muito, mas ainda assim é difícil.

Estou mais consciente das coisas. Estou sim. Mas acho que sou vou ser uma mãe no sentido real da palavra daqui a pouco. Isso me deixa muito mal. Acho que sou uma pessoa insensível.

Não consigo me entender.

24 de fevereiro de 2005

É... As coisas estão mudando mesmo. E me deixando preocupadas.
Minha mãe vai ter que operar a coluna cervical. Vai ter que substituir uma vértebra que se desgastou e colocar dois pinos no pescoço.

O médico que vai operá-la já operou a coluna do meu pai quatro vezes (meu pai é Highlander) e acho que ele é um ótimo médico, mas cirurgia é cirurgia e isso não se discute. A operação já foi marcada. Isso é foda. Os riscos existem, sempre. Mas eu tô tentando abstrair isso e ser otimista como sempre fui.

Depois da operação vai ser foda. Toda vez que a minha mãe for ao banco a porta vai apitar. Ô coisa constrangedora.

22 de fevereiro de 2005

Hoje eu queria muito um ombro pra poder chorar. Não um ombro, e sim aquele ombro.
Gostaria de compreender que se as coisas não acontecem, são só porque eu não me empenhei para que elas acontecessem. Gostaria de acreditar nisso tanto quanto falo para os outros acreditarem. Por que é sempre tão complicado?
Toda a minha verdade veio abaixo. Sim, porque estou sempre certa. Ou melhor estava. E toda essa minha certeza acabou cegando meus olhos e atando as minhas mãos. Perdendo coisas que realmente importam. Mas não me importo. Nunca me importei. Porque o futuro dá medo, e eu sei muito bem o que é ter medo dele. De que adianta ter medo se nunca fujo? Pra que fugir? Tenho o futuro em minhas mãos. Mas elas estão atadas. Atadas por preguiça, não por medo. O que realmente importa? Já não sei. Ou melhor, sei sim. Sei muito bem. O que não entendo é: Como posso, sabendo o que importa, o que eu quero e o que eu preciso; continuar atando minhas própias mãos e tropeçando em meus próprios pés?
Preciso. Preciso muito mudar. Mas não sei o que falta. Até sei. Mas como conseguir? quero chorar. [Se lágrimas adiantassem...]
Numa época em que tudo parece se acertar, o problema está em mim e não nos outros e nem no mundo. Tudo soa perfeito, menos eu.